Você já se perguntou, ao ler Apocalipse 5, por que João chora tanto? Minha opinião é que ele percebeu que, se o livro não fosse aberto, a história não teria sentido nem seria possível sua condução. Ele vê um livro que “contém” a história. E abrir seus selos significa fazer-se “senhor” de seu conteúdo: tanto dos seus fatos e eventos quanto dos propósitos destes. Como o maestro que conduz uma sinfonia. Sem Cristo e sua obra de redenção, a história é um enigma, destituída de sentido. Agoniada sucessão de dias. Quero pensar, analogamente, sobre outro livro (20.12), diante do qual todos já choramos de desespero um dia: o livro da (nossa) vida. Chorávamos porque não imaginávamos que alguém pudesse lhe desatar os selos. Ela era vazia, sem propósito, à deriva, caótica. De fato, fechado o meu livro, não posso ver a presença de Deus no meu passado; não vejo propósito em minha história, que, por isso mesmo, pode ser resumida em uma palavra: “mentira”. Ela permanece um conjunto de enganos, inconsciências e pecados. Se o livro da minha vida não for aberto e “conduzido”, estou perdido na escuridão de noites e dias baldios. Mas a boa notícia é que há um ancião a dizer: “Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (v. 5). Então, quando o Cordeiro toma o meu minúsculo livro da mão direita daquele que está sentado no trono, eu me prostro diante dele e lhe apresento a minha taça cheia de incenso, que são as orações gravadas nas páginas da minha vida (v. 7). A partir de então, “cada selo” de minha vida é visitado, restauradoramente, por aquele que foi morto e que, por seu sangue, “comprou cada um dos meus dias para Deus”. Os meus mistérios me são revelados; os segredos do meu coração vão sendo visitados. Da minha parte, cada dia é oferecido àquele que tem o livro nas mãos. Assim, as trevas são iluminadas e o caos das minhas dores é reordenado. Ao retirar o primeiro selo, vejo um cavalo branco e seu cavaleiro real, que sai vencendo e para vencer (6.1-2), e eu lhe digo em prece: “Vem”; o segundo selo revelará o cavalo vermelho: a falta de paz, os conflitos e flagelos de minha vida (6.3-4); o terceiro selo, com seu cavalo preto, visitará a fome e as estiagens de minha vida; necessidades, carências, solidões e abandonos (6.5-6); o quarto selo, com seu cavalo amarelo, revelará a morte e o inferno ceifando em minha vida pela espada, por fome, por mortandade e por meio das feras que encontrei em minhas páginas e nas quais eventualmente me tornei (6.7-8); o quinto selo revelará os clamores e os sofrimentos relacionados ao testemunho do evangelho, e a espera pela justiça de Deus (6.9-11); e o sexto selo, enfim, desencadeará grandes transformações em minha história, até seu desenlace final. Quando, finalmente, abriu-se o sétimo selo de nossos livros, ouvimos: “Eis que faço novas todas as coisas...” (21.5). E tudo era muito bom, pois nossas vidas haviam-se enchido do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar, e havíamos passado a conhecer como hoje somos conhecidos. E já não havia lágrimas em nossos olhos. Autor:Rubem Amorese é consultor legislativo no Senado Federal e presbítero na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília. É autor de, entre outros, Louvor, Adoração e Liturgia e Icabode -- da mente de Cristo à consciência moderna. ruben@amorese.com.br
17 de set. de 2009
O livro da (minha) vida
Você já se perguntou, ao ler Apocalipse 5, por que João chora tanto? Minha opinião é que ele percebeu que, se o livro não fosse aberto, a história não teria sentido nem seria possível sua condução. Ele vê um livro que “contém” a história. E abrir seus selos significa fazer-se “senhor” de seu conteúdo: tanto dos seus fatos e eventos quanto dos propósitos destes. Como o maestro que conduz uma sinfonia. Sem Cristo e sua obra de redenção, a história é um enigma, destituída de sentido. Agoniada sucessão de dias. Quero pensar, analogamente, sobre outro livro (20.12), diante do qual todos já choramos de desespero um dia: o livro da (nossa) vida. Chorávamos porque não imaginávamos que alguém pudesse lhe desatar os selos. Ela era vazia, sem propósito, à deriva, caótica. De fato, fechado o meu livro, não posso ver a presença de Deus no meu passado; não vejo propósito em minha história, que, por isso mesmo, pode ser resumida em uma palavra: “mentira”. Ela permanece um conjunto de enganos, inconsciências e pecados. Se o livro da minha vida não for aberto e “conduzido”, estou perdido na escuridão de noites e dias baldios. Mas a boa notícia é que há um ancião a dizer: “Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos” (v. 5). Então, quando o Cordeiro toma o meu minúsculo livro da mão direita daquele que está sentado no trono, eu me prostro diante dele e lhe apresento a minha taça cheia de incenso, que são as orações gravadas nas páginas da minha vida (v. 7). A partir de então, “cada selo” de minha vida é visitado, restauradoramente, por aquele que foi morto e que, por seu sangue, “comprou cada um dos meus dias para Deus”. Os meus mistérios me são revelados; os segredos do meu coração vão sendo visitados. Da minha parte, cada dia é oferecido àquele que tem o livro nas mãos. Assim, as trevas são iluminadas e o caos das minhas dores é reordenado. Ao retirar o primeiro selo, vejo um cavalo branco e seu cavaleiro real, que sai vencendo e para vencer (6.1-2), e eu lhe digo em prece: “Vem”; o segundo selo revelará o cavalo vermelho: a falta de paz, os conflitos e flagelos de minha vida (6.3-4); o terceiro selo, com seu cavalo preto, visitará a fome e as estiagens de minha vida; necessidades, carências, solidões e abandonos (6.5-6); o quarto selo, com seu cavalo amarelo, revelará a morte e o inferno ceifando em minha vida pela espada, por fome, por mortandade e por meio das feras que encontrei em minhas páginas e nas quais eventualmente me tornei (6.7-8); o quinto selo revelará os clamores e os sofrimentos relacionados ao testemunho do evangelho, e a espera pela justiça de Deus (6.9-11); e o sexto selo, enfim, desencadeará grandes transformações em minha história, até seu desenlace final. Quando, finalmente, abriu-se o sétimo selo de nossos livros, ouvimos: “Eis que faço novas todas as coisas...” (21.5). E tudo era muito bom, pois nossas vidas haviam-se enchido do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar, e havíamos passado a conhecer como hoje somos conhecidos. E já não havia lágrimas em nossos olhos. Autor:Rubem Amorese é consultor legislativo no Senado Federal e presbítero na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília. É autor de, entre outros, Louvor, Adoração e Liturgia e Icabode -- da mente de Cristo à consciência moderna. ruben@amorese.com.br
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